Transformações - Bion

Transformações, obra publicada em 1965, contém o “terceiro estágio” no desenvolvimento de uma teoria de observação de psicanálise, elaborada por Wilfred Ruprecht Bion. Os dois primeiros estágios de desenvolvimento desse método foram publicados em 1962 e 1963, sob os títulos de Aprender da Experiência e Elementos de Psicanálise, respectivamente.

Bion ocupa-se da confiabilidade científica da psicanálise, ao alertar sobre a proliferação de pseudoteorias escolásticas, a priori e ad hoc, baseadas em manipulações engenhosas de símbolos verbais e uso indiscriminado de jargão – fonte de falsas controvérsias pseudoteóricas. Oferece uma alternativa, através de uma integração isenta de preconceitos e rivalidades, entre as contribuições de Freud com as de Melanie Klein. Ao mesmo tempo, as expande em pelo menos dois aspectos: (i) Teórico, ao esclarecer as bases científicas da psicanálise, colocando-as sob o vértice da teoria da ciência, conforme delimitada por Platão, Artistóteles, Francis Bacon, Davi Hume, Immanuel Kant, Richard Bewan Braithwaite, Jlues-Henri e Werne Heisenberg. Insere-se no método transdisciplinar iniciado por Freud, ao apontar a possibilidade de enriquecimento do método crítico de observação dinâmico em psicanálise, com as contribuições de outros vértices de observação sobre a natureza humana e seus sofrimentos e vicissitudes, providos por autores literários das épocas qualificadas por historiadores de Renascença, do Movimento Romântico e da tradição mística; (ii) Prático, ao oferecer um método científico de exame contínuo do trabalho de um psicanalista, possibilitando aproximações cientificas à verdade dos fatos observáveis pelos analistas e pacientes durante sessões de análise, cotejando as percepções do pacientes, obtidas por seus enunciados verbais e não-verbais, com as cognições de seu analista.

Paulo Cesar Sandler - tradutor